Maria João Mesquita: Antes
de mais, e para ficarmos a saber um pouco mais do que o que é óbvio, quem é
Filipe Brito?
Filipe Brito: Sou um atleta que
se apaixonou pelo mundo do BTT e das bicicletas em si. Acima de tudo,
empenho-me e tento estar bem fisicamente. O que quero sempre é tentar
superar-me a mim próprio.
Maria João Mesquita: Como
surgiu a paixão pelo BTT?
Filipe Brito: Esta
paixão surgiu devido a uma lesão no joelho. Eu fui jogador de futebol, contraí
uma lesão no joelho e tive de ser operado. A partir daí, e como deixei de jogar
futebol, ganhei peso, pelo que me aconselharam a andar de bicicleta, algo que
ajudava a circular o sangue no joelho. E foi o que fiz. Comecei a andar numa
bicicleta baratíssima, comprada no supermercado, e notei que o joelho começou a
deixar de inchar. Então, pela altura do Natal, a minha esposa ofereceu-me uma
bicicleta mais cara e comecei a fazer ainda mais exercício. Sempre fui um
apaixonado pelo desporto e, a dada altura, entrei com uns amigos num passeio de
BTT e o que me fascinou foi ver bicicletas em cima dos carros, num total de 600
pessoas ou mais. Foi aí que me deu o clique. Passeio atrás de passeio, fui
evoluindo. A par disso vieram alguns resultados, que foram sempre crescendo até
hoje, assim como os apoios.
Maria João Mesquita: Associado
na Federação Portuguesa de Ciclismo,quais foram os melhores e piores momentos desde a sua entrada no ciclismo de
competição até agora?
Filipe Brito: O pior
foi em 2017. Foi um ano complicado a nível psicológico e pessoal. Foi difícil
até para cumprir treinos, mas pode dizer-se que foi um ano de aprendizagem. Um
dos meus melhores anos foi quando enveredei no ASC Vila do Conde. Foi o
primeiro ano em que participei em competição e fui logo campeão desse troféu em
Vila do Conde. Para além disso, o ano 2018 também foi bom, nomeadamente a nível
de resultados. Em termos de ciclismo no geral, o balanço é positivo. A
bicicleta preenche-me.
Maria João Mesquita: Arrepende-se
de alguma coisa na sua carreira, enquanto ciclista?
Filipe Brito: Não.
Fiz tudo com gosto e, mesmo mudando de clubes, tive sempre o intuito de
melhorar. Estive sempre de consciência tranquila e não me arrependo de nada.
Maria João Mesquita: Qual
é a chave para o sucesso?
Filipe Brito: Eu
acho que, acima de tudo, as pessoas têm de gostar do que fazem. Nada pode ser
forçado ou feito de forma a agradar aos outros. Devemo-nos sentir bem com nós
mesmos, em primeiro lugar, e com vontade de ajudar o próximo. Depois, é preciso
ter sorte e dedicação. O sucesso, se não for uma obsessão, acaba por vir com
naturalidade.
Maria João Mesquita: Qual
o balanço que faz do seu desempenho ao longo da temporada 2018? Alguma vez
achou que ia conseguir ter resultados tão bons na pista?
Filipe Brito: Sinceramente,
não. Nunca pensei nos resultados em si. É sempre bom ganhar, chegar em primeiro
à meta, mas o que me fascina mesmo são os locais por onde andamos e que
visitamos. Gosto de desfrutar da natureza e da bicicleta em si. Claro que quem
se dedica aos treinos mais afincadamente acaba por ver resultados. Realmente,
no ano passado dediquei-me bastante, com algum sacrifício, mas sempre com
prazer. Também os treinos e a restrição alimentar foram muito importantes. A
preparação física foi melhor, mas não forcei nada. Se uma pessoa tiver prazer,
principalmente nesta fase, vê resultados. Ser regular ao longo do ano levou-me
ainda a atingir bons resultados a nível regional e nacional. Fiquei na 4ª
posição no Campeonato Nacional de Maratonas e fui, inclusive, para essa prova
com uma lesão. Quando menos esperamos, é quando temos mais sucesso.
Maria João Mesquita: Faz
parte, actualmente, da Controlsafe/Famabike/V.N. Famalicão. Até que ponto acha
que com este grupo irá conseguir evoluir cada vez mais?
Filipe Brito: A
Controlsafe/Famabike/V.N. Famalicão são meus parceiros, são patrocinadores
muito importantes para mim. Mas existem outros que me preenchem. Tenho um
conjunto de parceiros que me ajudam e me permitem escolher as provas que quero
realizar a nível nacional, até porque este ano o calendário vai estar muito
preenchido. Quanto a evoluir, este ano estou a fazer outro tipo de preparação
física, pelo que vamos ver se isso traz ou não benefícios. Creio que sim, pelo
menos sinto-me melhor. O que quero é continuar a disfrutar da bicicleta e ter
quem me ajude, quem acredite em mim. De resto, penso também em evoluir mais
como pessoa, porque podemos sempre melhorar.
Maria João Mesquita: Como
surgiu o convite para ser embaixador da Associação Amigos do Pedal - Famalicão
Filipe Brito: Eu já
conheço a Associação Amigos do Pedal há
10 anos. É uma Associação que respeito muito. Organizam bem as provas e estão
bem vincados no concelho famalicense. É um gosto pessoal ser embaixador da
Associação e as coisas foram crescendo de forma natural. Eu sempre fiz parte
dos eventos organizados por esta Associação, que achou que esta seria uma boa
parceria, e para mim é um gosto. Se nos ajudarmos uns aos outros, o mundo do
ciclismo tem tudo para crescer, porque o nosso concelho é muito fértil a nível
de praticantes. “Eu vou para onde a bicicleta estiver virada.”
Maria João Mesquita: Que
provas se seguem para o ano 2019 que gostaria de destacar?
Filipe Brito: Eu
tenho provas por etapas. Comprometi-me a fazê-las e tenho já uma em Fevereiro,
nos dias 1, 2 e 3 – Race Natura Lagoa. Depois as coisas seguem naturalmente. Eu
costumo deixar-me ir. Hoje vou aqui, amanhã vou ali. Eu vou para onde a
bicicleta estiver virada. Gostava de ir à Suíça, por exemplo. Costumo ir todos
os anos para treinar, mas gostava de fazer alguma prova lá. Também gosto muito
das provas que se fazem na Serra da Estrela. A zona de Trás-os-Montes é
igualmente fabulosa para fazer maratonas de BTT. Em Famalicão, faço questão de estar presente em todos os
eventos. Por isso, o calendário está muito preenchido.
Maria João Mesquita: Que
conselhos pode dar a todas as pessoas que estão a iniciar a sua atividade no
ciclismo?
Filipe Brito: Espero,
sobretudo, que gostem da bicicleta e que gostem de fazer desporto. Se há
conselho que posso dar é que façam aquilo que gostam. O resto surge espontaneamente.
A bicicleta não é fácil. É difícil fazer carreira. Ainda não é uma aposta muito
grande. Tem de se trabalhar muito. Mas o que é preciso é disfrutar do ciclismo,
treinar afincadamente e não criar ilusões. Importa também unirmo-nos às pessoas
certas.
Maria João Mesquita: Para
terminar, o que podemos esperar do Filipe Brito para esta
temporada?
Filipe Brito: Trabalho.
Trabalho com parceiros e patrocinadores que acreditam em mim. Dedicação. Estou
focado em treinar bem, em estar bem fisicamente. Há muita coisa na minha cabeça
ainda por agendar. Tenho a sorte de ser embaixador da SCOTT Portugal e estão aí a
surgir muitas novidades. Há muita coisa a acontecer e, portanto, penso mais a
curto prazo, no imediato. Em termos de patrocínios, este ano vai mudar-se
também a imagem. Contudo, o meu objetivo é tentar sempre surpreender,
principalmente os meus patrocinadores, não com resultados, mas com trabalho.
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